Pela Porta De Detrás
Raimundo Ramos
Rosa, morena galante
É um mimo, é um brilhante
A filha do tio Braz!
Ontem fez-me uma surpresa
Entrou-me com ligeireza
Pela porta de detrás!
Achei bom o tal brinquedo
Mas, caluda! Tenho medo
Pois bem sabe, sou rapaz
E me arrisco a ser pegado
Com a Rosa, que é meu pecado!
(Aonde senhor?)
(Ora, você não sabe?)
Pela porta de detrás
Eu cá sou velho... Na estrada!
Tive a vida atrapalhada
Já fui até capataz
A menina é bem esperta
E eu quero viver alerta
Pela porta de detrás!
O velho tio é decente
E tem fama de valente!
E o velho é muito capaz
De fazer-me em mil pedaços
Se avistar nossos abraços
(Haha!)
Pela porta de detrás
Rosa é “quente como brasa”!
Eu cá, em fazendo vasa
Dou chamas como aguarrás
Nada enjeito! Não chamei-a
Nem mandei fazer-me ceia
Pela porta de detrás
Vou gozando o tal petisco
Inda mesmo em grande risco
De um dia o tal ferrabrás
Ao notar algum bulício
Vir fazer um estrupício
(Ah, isso que ele sai corado!)
Pela porta de detrás
Enquanto ele não descobre
Eu vou passando por nobre
Jogando de sota e az!
Rosa é sereia encantada
Que me afaga apaixonada
Pela porta de detrás!
Já quis mudar de morada
Temendo uma trovoada
Daquele velho sagaz
Mas Rosa pede-me em pranto
Deixa amar-te, meu encanto
Pela porta de detrás!
Agora que, terminado
Tenho este meu engrolado
Vou fugir: É só traz! Zás!
Se fiz papel indecente
Vou fugindo de repente
Pela porta de detrás!
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