Utopia de um sabiá
Edir Carneiro
Participação especial de Luana Reis - flauta doce
Azar ou sorte / canto a minha morte;
Triste sorriso: nem azul nem forte.
A vela acesa corre a natureza,
Luz que se apaga e leva a correnteza.
Voa, voa, voa sabiá cortando o meu sertão.
Sonho perdido / mulher semimorta;
Mesa vazia, a fome é cega e corta.
Chão sem poeira e fé sem procissão,
Volta sem ida / Deus sem oração.
SOLO
Palavra amiga é feita pra cantiga;
Rosa não siga a flor que te castiga.
Presa em corrente a voz de toda gente,
Seio dormente à luz incandescente.
Voa, voa, voa sabiá cortando o meu sertão.
Pele sem cor / canto sem melodia,
Tempo marcado e segue a utopia.
Dor que não dói / guerra que não destrói,
Falsa poesia, amor e agonia.
Voa, voa, voa sabiá cortando o meu sertão / sangue nas minhas mãos.
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